Era uma vez um menino. Um menino alegre, de bom coração que aos dois anos tinha dificuldades de falar consoantes. Vivia numa família complicada onde as brigas da mãe com a sogra eram frequentes e o pai vendo toda aquela confusão diária se perdeu em um mundo que criou e jamais sairia dele. Com a ajuda de uma assistente social o menino junto com seus irmãos são levados para um abrigo onde passariam suas infância e sua adolescência. Aos 7 anos, ele descobre que não poderia ver mais sua mãe por que ela abriu mão do direito de ser mãe, uma história que ele só entenderia depois de muito tempo. Naquele dia faltaram lágrimas, sentiu pela primeira vez uma dor insuportável. Uma dor que deixou marcas, uma dor que escondeu seu sorriso por um tempo.
O abrigo que era dividido em 5 grande casas os separou pela primeira vez. Cada casa tinha suas regras ele não poderia ver seus irmãos frequentemente como era antes. Entre surras e castigos por motivos banais, misturado a ausência de pais e família. O menino se viu obrigado acrescer sem a famosa 'base', teve que amadurecer sozinho, caindo sem ter alguém para ajudar a levantar. Sofria calado e chorava escondido. Aprendeu a ser forte quando ninguém acreditava nele. Após alguns anos a casa onde morava foi fechada e ele deu graças por finalmente ter liberdade. Foi para uma outra casa onde se sentiu mais feliz.
Só foi viver novamente com os irmãos aos 14 anos quando voltou para casa de onde nunca deveria ter saído. Sentiu novamente o abraço carinhoso de uma mãe. Uma mãe que não era a dele. Uma mãe que realmente se importava e que deixou toca uma vida e uma carreira por crianças que não eram as dela.
Aos 15 começou a trabalhar. Trabalhava em uma empresa onde era humilhado por ser uma criança em uma função onde todos eram seu superior. Trabalho ali por um tempo até receber uma promessa de um trabalho e uma vida melhor. Se preparou e estudou para conseguir o que queria. Quando finalmente conseguiu foi traído pela pessoa em que mais confiava. Entre ameças e injustiças aprendeu a observar e a tratar pessoas que usavam máscaras para conseguir o que queriam. Pessoas que faziam pessoas de copos descartáveis. Aprendeu no pior nível a reconhecer a maldade humana.
Isso tudo passou e ele teve o emprego que sempre quis. Teve paz em casa com sua família que Deus lhe deu. E aos poucos está conseguindo construir com muito suor tudo aquilo que sempre sonhou. Mas a vida desse menino não foi só desgraça. Não foi só tristeza. Ele aprendeu a encontrar a alegria nas coisas pequenas. Nas poucas coisas que tinha. Em Deus. O seu temor a Ele fez com que ele não se misturasse com a sujeira que viu. Por mais que ele pensasse que não era era forte. Ele tinha uma força sobrenatural. Ele tinha alguém que não via mas que enxugava suas lágrimas. Ele nunca desistiu e sabia que um dia seria feliz. E hoje ele é sim feliz. Forte. Com uma alegria que contagia a todos. Descobriu que mesmo tendo passado tudo aquilo que passou, ele não teria que ser um "produto do meio". Descobriu que os fracassos e decepções que vivera até ali não teriam que transforma-lo em um fracassado, um coitado.